sexta-feira, junho 14, 2013

O ESTADO DO MUNDO

"A Luta de Jacob com o Anjo", Maurice Denis, 1893.

MIL OLHOS

É continuar a tentar. O sucesso exige perseverança, esforço e alguma sorte.

Temos mil olhos, como o Dr. Mabuse. Mas há coisas que nos escapam, de vez em quando. Demasiados leitores e demasiados lugares públicos.

quarta-feira, junho 05, 2013

Eh eh, quem me dera que o meu mundo fosse assim tão perfeito.

DA CONCISÃO

Dois jovens de vinte anos passam o seu tempo nos cafés parisienses à volta de raparigas. Uma das tentativas de engate dá para o torto.

Este é sem dúvida um dos melhores resumos de filme que li em toda a minha vida, e olhem que não li poucos. É da autoria de Antonio Rodrigues e diz respeito ao filme "Du Côté de Robinson", de Jean Eustache. (Folhas da Cinemateca, Cinemateca Portuguesa, 2008.)

O facto de se aplicar igualmente a pelo menos 50 % dos filmes da primeira fase da Nouvelle Vague não lhe retira mérito.


sábado, junho 01, 2013

TELHADOS DE PELÍCULA ADERENTE DE MARCA BRANCA

A blogosfera favorece a preguiça. Após ter lido a crónica que Vasco Graça Moura perpetrou há alguns dias, na qual se insurgia contra a proliferação do insulto, cheguei a sentir vontade de meter mãos à tarefa de prospecção dos escritos pretéritos deste cavalheiro e recolher alguns exemplos em que ele próprio deixou fugir (e com que ardor!) o pé para a chinela do impropério. Tratando-se de um caso de contumácia que dura há anos, não faltaria a matéria prima. Demoveu-me a certeza de que alguém, algures, haveria de se dedicar a essa missão, sem dúvida com maior brio e exaustividade. Está feito. E estou certo de que o fundo da arca ficou ainda por raspar.

Vasco Graça Moura é uma figura que me deixa perplexo. Respeito o erudito, o tradutor de Dante e Shakespeare. Admiro a persistência com que tem combatido esse delírio disforme conhecido nalguns meios como "Acordo Ortográfico" e identifico-me com esse combate. Desprezo a criatura que, periodicamente, se entrega aos mais requintados e virulentos exercícios de vitupério dirigidos contra todos aqueles que não partilham das suas mundividências políticas e sociais, muito em particular todos aqueles que votaram PS ou que não consideram José Sócrates o português mais ignóbil desde Miguel Vasconcelos.

Vir agora esta mesmíssima pessoa mostrar surpresa por uma suposta "proliferação do insulto" seria chocante se não fosse, bem vistas as coisas, perfeitamente coerente com o seu défice de sintonia em relação à realidade que o rodeia.

Nem sequer se aplica a expressão "telhados de vidro". O vidro é um material nobre, versátil e mal servido pela sua reputação de fragilidade. Isto são telhados de hóstia, de película aderente de marca branca ou de papel higiénico de folha simples.